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A China não aceita ser bode expiatório na investigação sobre as origensdaCovid-19
2021-09-15 09:00

Por Yan Yuqing, Cônsul geral da China no Recife

Recentemente, a agência de inteligência dos EUA divulgou o chamado relatório de investigação sobre as origens da Covid-19, disseminando a possibilidade de vazamento do vírus do laboratório de Wuhan e caluniando a China por ocultar informações, recusar as cooperações e investigações internacionais. Essa situação me fez lembrar uma história da Bíblia: quando os judeus faziam sacrifícios com os animais, utilizavam um bode para que através dele fossem levados os pecados de uma pessoa para Deus.

A China não aceita ser bode expiatório na investigação sobre as origens da Covid-19.  As equipes de especialistas da OMS viajaram duas vezes para a China e através de um relatório de pesquisa, concluíram que foi "extremamente impossível" para o coronavírus infectar humanos por meio de laboratório. Em 5 de Julho deste ano, 24 especialistas médicos internacionais também publicaram uma declaração na revista científica The Lancet, afirmando que não há evidências científicas para apoiar a "teoria do vazamento de laboratório".

A agência de inteligência dos EUA não é uma instituição médica ou científica, mas publicou um relatório de investigação sobre as origens da Covid-19. Qual seria o seu propósito? Esse relatório me lembra a pandemia da gripe que houve de 1918 a 1919. Até hoje essa pandemia é conhecida como "gripe espanhola", quando na realidade os primeiros casos foram registrados no estado do Kansas, nos EUA. A Espanha, como tinha sido o primeiro país a divulgar sobre a pandemia da gripe através da imprensa, teve o seu nome associado à doença. E agora, a China definitivamente não aceitará ser um bode expiatório para qualquer país.

Os Estados Unidos não devem aplicar padrão duplo na investigação sobre as origens da Covid-19. Conforme mencionado acima, as equipes de especialistas da OMS já foram à China duas vezes, mas nunca foram aos Estados Unidos para iniciar investigações a respeito.

O Laboratório de Fort Detrick nos Estados Unidos está estudando a transformação do coronavírus há muito tempo. Em 2019, um grave acidente de segurança ocorreu e o laboratório foi fechado. Posteriormente, uma pneumonia desconhecida começou a se espalhar pelos EUA, com sintomas semelhantes à Covid-19. De acordo com as pesquisas sobre a pandemia, a data do primeiro caso da Covid-19 nos EUA está sendo cada vez mais antecedente à atual. Existem muitas dúvidas para esclarecer nos EUA.

Com base nos princípios de justiça e imparcialidade, os EUA devem aceitar as investigações da equipe de especialistas da OMS e dar uma explicação à comunidade internacional, e não devem aplicar padrão duplo ou excepcionalismo norte-americano na investigação sobre as origens.

A investigação sobre as origens da Covid-19sempre é uma questão científica. Recentemente, o Sr. André Lobato, consultor em comunicação global da Fiocruz, falou com a agência Xinhua de que é preciso lembrar que nenhuma agência de espionagem é fonte relevante de informações sobre a saúde pública global. Nesse aspecto, repercutir os comentários de espiões é também  participar de um jogo psicológico cujo objetivo é criar suspeitas contra a China. Essa atitude, além de demonstrar desprezo pelas vidas perdidas na pandemia, revela uma estratégia para minar a crescente credibilidade que a ciência chinesa tem obtido no mundo. As acusações são meios para cortar os laços que os países têm com a ciência chinesa, inibindo a voz dos países em desenvolvimento na comunidade científica global.

Concordo com o ponto de vista do Sr. André Lobato. O trabalho da investigação sobre as origens da Covid-19 deve ser feito por especialistas médicos e acadêmicos, de forma científica, séria, aberta e transparente, e nunca deve ser politizado ou estigmatizado por políticos e especialistas de inteligência.

Até hoje, a humanidade não derrotou completamente o coronavírus. Quanto mais persistente é o vírus, mais unida a humanidade deve ser, pois somente através da união os países podem derrotar o vírus.

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